SER PAI NO DIA DOS PAIS

FELIZ DIA DOS PAIS

Ser pai é como aprender um idioma novo sem manual, com palavras inventadas e gestos que não estão em nenhum dicionário. No meu caso, essa língua tem dois sotaques: Deborah e Jesseh. Cada um com seu ritmo, seu compasso, seu jeito próprio de dizer “eu te amo” sem precisar articular as três palavras.

Há dias em que me pego observando o silêncio deles. Não o silêncio vazio, mas aquele que parece guardar universos inteiros, feito de pensamentos que eu ainda não sei traduzir. E, então, num instante, esse silêncio se quebra com um riso inesperado — e eu me lembro que ser pai é também estar sempre pronto para esses milagres repentinos.

Às vezes, é difícil. Há manhãs em que a rotina é um campo minado de estímulos demais, barulhos demais, olhares demais. E eu me vejo, não como um herói, mas como um construtor de pontes: preciso encontrar o caminho seguro para que eles atravessem o dia. Uma ponte que aguente o peso das suas ansiedades… e das minhas.

Mas, em meio às batalhas diárias, há vitórias que não saem nos jornais: o primeiro olhar demorado nos meus olhos, um abraço que dura alguns segundos a mais, uma palavra nova dita com esforço. Pequenas grandes conquistas que, para quem vive de fora, podem parecer comuns — mas que para mim são marcos, feitos de amor e paciência.

Ser pai de Deborah e Jesseh é entender que o amor não é sempre barulhento. Muitas vezes ele é sutil, quase invisível para quem não olha de perto. É amor que se aprende devagar, no compasso de cada um, no respeito ao tempo de cada passo. E, no fim do dia, quando apago as luzes e escuto a respiração deles, sinto que não sou apenas pai: sou aluno, aprendiz dessa escola silenciosa e intensa que é amar dois mundos inteiros dentro de um mesmo coração.

Neste Dia dos Pais, desejo a todos os pais — especialmente aos que também caminham por pontes únicas e desafiadoras — que encontrem alegria nas pequenas vitórias e força no amor silencioso. Feliz Dia dos Pais!