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Eduardo Nagai
O Seu Guia Literário
Textos

PELA LONGA ESTRADA EU VOU

 

Pela longa estrada eu vou —

não como quem parte,

mas como quem se despede do que já não cabe.

 

Levo comigo a lentidão dos que aprenderam

que apressar a alma é feri-la.

Cada passo meu é um lamento antigo,

uma pergunta sem nome,

um adeus que ainda ecoa entre costelas.

 

Já não procuro respostas —

procuro ausências.

As marcas do que ficou sem fim,

as vozes que me deixaram antes da hora,

os olhos que mentiram prometer ficar.

 

Essa estrada não é chão,

é espelho:

me devolve fragmentos que recusei ver.

E eu, que já fui inteiro,

agora sou corte,

fresta,

farelo de ontem atravessando o agora.

 

Ando,

não por fé nem por fuga,

mas porque parar seria morrer de novo

em tudo que já morri.

 

O tempo, esse escultor cego,

me talha em silêncio.

Transforma em rugas os rios que chorei,

e em saudade

as mãos que já foram abrigo.

 

A cada curva, esqueço um nome.

A cada céu, reinvento um rumo.

A cada dor, me descubro vivo.

 

E se um dia me perguntarem:

— Onde termina essa estrada?

responderei:

— Onde o cansaço vira canto,

e o abismo, alicerce.

 

Porque pela longa estrada eu vou —

com os pés rasgados de memória,

o peito cheio de ausências,

e o coração,

esse velho andarilho,

ainda teimando em amar o que não entende.

Prof Eduardo Nagai
Enviado por Prof Eduardo Nagai em 06/07/2025
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