Meus versos derramam-se em gotas
que escorrem pelo tempo,
líquida existência.
Que não se prende ao molde,
são um rio e mar,
são o orvalho da manhã
e a tempestade que arrasta.
Cada verso evapora,
transforma-se em nuvem,
e depois despencam
na pele da terra,
alimentando raízes
que nunca tocarei.
Nas correntezas do verbo,
derramo versos.
A água não esquece:
Lembra o gosto das pedras,
os reflexos do céu
e o silêncio do abismo.
Calo-me na profundidade
e grito nas quedas.
Sou poesia líquida,
fluida e eterna,
mas nunca igual.