Deslizo o dedo, e um mundo surge,
Num mar de rostos, teu olhar é evidente.
A foto capturada ou instantânea exata
Em que a vida se faz presente.
A Bio dizia pouco, mas dizia o suficiente,
“Amante de vinhos, viagens e arte.”
Entre clichês, brilhou um lampejo,
Um convite sutil para eu fazer parte.
Dei like, e recebi. Deu Match.
Finamente posso conhecê-la
Trocamos carícias através das mensagens
Elogios, conversas, troca de Whatsapp.
Conversas em caixas, palavras digitalizadas,
Risos que ecoam sem som, só na mente.
Tua voz imaginada nos espaços entre as frases,
Uma melodia que o tempo torna urgente.
Na tela, teu rosto ganha forma,
Um universo em pixels, tua beleza.
Mas quem é, além da pose no Insta?
Uma pergunta tão cheia de incerteza.
Nos encontramos, enfim, fora da tela,
Sob as luzes de um bar, sem filtros ou cortes.
E ali, entre taças e risos genuínos,
Vi que o acaso brinca com sortes.
A garota do Tinder virou carne e osso,
Fez do efêmero algo mais palpável.
E eu, que buscava encontros leves,
Achei no deslize o meu ponto inflamável.