Era um dia típico na cidade: ruas movimentadas, buzinas impacientes e pessoas apressadas com os olhos fixos nas telas de seus celulares. Eu me misturei à multidão, até que, ao tentar verificar uma mensagem, notei que algo estava errado. "Sem conexão". Estranho. Tentei novamente e nada. Foi então que a ficha caiu: esqueci de pagar a fatura do celular e meus dados móveis foram cortados.
No meio da selva urbana, sem mapa, sem mensagens e, o pior de tudo, sem a possibilidade de chamar um Uber para voltar em minha casa. A sensação de estar desconectado em um mundo hiperconectado é, no mínimo, desesperadora. Decidi, então, iniciar a missão: encontrar um sinal de Wi-Fi.
Entrei no primeiro café que vi pela frente. O ambiente era aconchegante, com aroma de grãos moídos na hora. Aproximei-me do balcão e pedi o cardápio, na esperança de que a senha do Wi-Fi estivesse impressa ali. Nada feito. Resolvi perguntar ao atendente, que, com um sorriso sem graça, informou que o Wi-Fi era exclusivo para clientes após a consumação. Sem tempo para um café, agradeci e seguimos adiante.
A cada passo, meu celular vasculhava redes abertas, mas todas protegidas por senhas indecifráveis. Passei por uma praça onde as pessoas descansavam, algumas delas conectadas. Pensei em pedir a senha a alguém, mas a timidez falou mais alto. Já considerando aceitar meu destino e caminhar até o local, avistei um pequeno restaurante com uma placa escrita à mão: "Wi-Fi grátis para clientes".
Sem hesitar, entrei e fui recebido por um senhor de sorriso gentil. Expliquei rapidamente minha situação, e ele, sem pestanejar, me ofereceu uma senha. "Pode usar à vontade, jovem. Hoje em dia, ficar sem internet é como ficar sem ar, não é mesmo?" Rimos juntos. Conectado novamente, consegui ligar para o Uber.
Enquanto aguardava, conversamos um pouco. Ele contou sobre como abriu o restaurante há anos e como gostava de ajudar quem passava por ali. Aquele gesto simples transformou meu dia. Percebi que, no meio da corrida cotidiana e na dependência tecnológica, ainda existem pessoas dispostas a estender a mão ao próximo.
O Uber chegou. Despedi-me desse senhor com sincera gratidão. A jornada em busca de um sinal de Wi-Fi revelou mais do que a necessidade de conexão digital; mostrou-me a importância das conexões humanas que, muitas vezes, esquecemos pelo caminho.