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Eduardo Nagai
Contos, crônicas e poesias de um professor surtado.
Textos

AS DEZ CLASSES GRAMATICAIS NA PRAÇA

 

Nesses dias eu decidi caminhar um pouco para esticar o esqueleto e no caminho vi umas crianças brincando no parque, senhores jogavam xadrez, e o burburinho do cotidiano me fez pensar em algo curioso: todas essas pessoas, com suas conversas, histórias e emoções, estavam, sem perceber, usando as 10 classes gramaticais. Resolvi me sentar em um banco e imaginar como seria se elas se apresentassem como personagens de uma crônica.

 

O substantivo seria o protagonista. Sempre presente, dando nome a tudo ao seu redor: o parque, as crianças, os senhores. Ele se sentia o centro das atenções, afinal, tudo no mundo precisa de um nome. Sem o substantivo, as coisas seriam vagas, indefinidas. Ali estava ele, orgulhoso de ser o ponto de partida para quase todas as frases que circulavam ao meu redor.

 

Ao lado dele, o adjetivo, sempre pronto para acrescentar um toque especial, descrevendo o mundo com detalhes. Não bastava haver crianças no parque, elas eram felizes, alegres, pequenas. O adjetivo tinha essa capacidade de transformar algo simples em algo visualmente mais rico. Com ele, o substantivo nunca estava sozinho, sempre carregava consigo uma qualidade, boa ou ruim.

 

De repente, o artigo entrou em cena, discreto, mas essencial. O artigo é aquele amigo fiel que está sempre por perto, definindo se estamos falando de algo específico ou genérico. A senhora, com seu cachorro, não era qualquer senhora; era a senhora que todo mundo conhecia. E não era apenas um cachorro, era o cachorro que sempre a acompanhava. Sem o artigo, o substantivo ficaria perdido em uma maré de indefinição.

 

Logo, surge o pronome, o substituto habilidoso. Quando a conversa já tinha nomeado a senhora e o cachorro tantas vezes, o pronome veio para salvar a repetição: "Ela sempre passeia com ele." Era como um truque de mágica, substituindo os nomes com naturalidade e fluidez. O pronome mantinha o ritmo da conversa leve, sem precisar repetir sempre as mesmas palavras.

 

Ao longe, ouvi alguém gritando para uma criança: "Corre!" E ali estava o verbo, a ação em sua forma mais pura. Sem o verbo, nada se move, nada acontece. Ele dava vida à crônica da praça, movimentando os personagens, mostrando que todos ali estavam vivendo suas próprias histórias, cheias de ação e emoção. Sem ele, tudo seria estático, como uma pintura.

 

O advérbio, por sua vez, acompanhava o verbo de perto. Quando a criança correu "rapidamente" em direção ao balanço, foi o advérbio que acrescentou velocidade à ação. Ele estava por todo lado, descrevendo não apenas como, mas quando e onde as coisas aconteciam. Sem o advérbio, as ações seriam simples demais, sem cor.

 

Enquanto o dia na praça seguia seu curso, percebi que as preposições, conjunções, interjeições e numerais estavam ali, discretas, mas importantes. As preposições, ligando palavras e estabelecendo relações; as conjunções, conectando ideias e criando ligações entre frases; as interjeições, trazendo vida aos diálogos com suas emoções instantâneas; e os numerais, organizando o caos da vida em quantidades. A gramática, invisível e onipresente, conduzia o mundo ao meu redor, como uma orquestra bem ensaiada.

Prof Eduardo Nagai
Enviado por Prof Eduardo Nagai em 25/09/2024
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