O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento social e padrões de interesses repetitivos. A compreensão contemporânea do autismo engloba uma ampla variedade de características e graus de severidade, refletindo uma condição complexa e heterogênea.
1911 - Eugen Bleuler e a Criação do Termo "Autismo":
Em 1911, o psiquiatra suíço Eugen Bleuler introduziu pela primeira vez o termo "autismo" para descrever um estado de pensamento voltado para dentro, caracterizado por uma retirada da realidade exterior. Bleuler usou esse termo para descrever uma característica presente em esquizofrenia, não no sentido como é compreendido hoje no autismo, mas o conceito fundamental de uma desconexão social e interiorização foi essencial para o desenvolvimento posterior do conceito.
1943 - Leo Kanner e a Caracterização do Autismo em Crianças:
Em 1943, Leo Kanner publicou um estudo seminal descrevendo um grupo de crianças com o que ele chamou de "autismo infantil precoce", caracterizado por um isolamento extremo, linguagem peculiar e dificuldades de interação social. Este estudo foi crucial para estabelecer o autismo como uma entidade distinta, separando-o de outras condições.
1944 - Hans Asperger e os Graus Leves do Autismo:
Hans Asperger, em 1944, publicou sua pesquisa sobre o que mais tarde seria conhecido como Síndrome de Asperger. Ele identificou crianças com características semelhantes ao autismo de Kanner, mas com maior capacidade linguística e menos comprometimento cognitivo. Asperger foi um dos primeiros a destacar a variação de severidade dentro do espectro do autismo, reconhecendo que o autismo não se limitava apenas aos casos graves.
1978 - Michael Rutter e o Autismo como Desvio do Comportamento:
Em 1978, Michael Rutter propôs uma abordagem mais ampla do autismo, não apenas como um transtorno isolado, mas como parte de um espectro mais amplo de desordens do desenvolvimento. Ele enfatizou a importância de considerar fatores genéticos e ambientais na compreensão do autismo, lançando as bases para uma abordagem mais integrativa e multifatorial no estudo do transtorno.
2013 - DSM-5 - Definição Atual do Transtorno do Espectro Autista
Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição, o atual), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Esses sintomas devem estar presentes desde a infância e causar prejuízos significativos no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. O DSM-5 subdivide o TEA em três níveis de gravidade, baseados na intensidade do apoio necessário: leve, moderado e grave, refletindo a ampla variação de sintomas e funcionalidade observada dentro do espectro.
2018 - CID 11 E O TEA
O CID-11, ou Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, foi publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em junho de 2018. Ele substituiu o CID-10 como a versão mais atual e utilizada globalmente para a classificação de doenças e condições de saúde. No CID-11, o autismo é classificado como Transtorno do Espectro Autista (TEA). A definição de TEA segundo o CID-11 é a seguinte: Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Os sintomas devem estar presentes desde a infância e causar prejuízos significativos no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. O CID-11 também subdivide o TEA em três níveis de suporte, baseados na intensidade do apoio necessário: nível 1 de suporte, nível 2 e nível 3, refletindo a ampla variação de sintomas e funcionalidade observada dentro do espectro autista.
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CONCLUSÃO:
Ao longo dos anos, os estudos sobre o espectro autista evoluíram significativamente, passando de uma concepção inicial de isolamento social e comportamento peculiar para uma compreensão mais abrangente e complexa que reconhece a diversidade de manifestações e a importância de fatores genéticos e ambientais. Cada marco histórico representado por Bleuler, Kanner, Asperger, Rutter, DSM 5 e CID 11 contribuiu para a construção do que é hoje uma visão mais inclusiva e informada sobre o autismo, promovendo avanços significativos na identificação, diagnóstico e intervenção para indivíduos dentro do espectro autista.