O Modernismo foi um movimento cultural que marcou profundamente a história da arte e da literatura brasileira do século XX. Surgindo como uma reação ao academicismo e ao tradicionalismo das escolas literárias anteriores, o Modernismo propunha uma ruptura com as formas estéticas estabelecidas, buscando uma linguagem mais livre e inovadora, que refletisse as transformações sociais, políticas e culturais do Brasil da época.
Na literatura, o Modernismo brasileiro teve como principais expoentes nomes como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, entre outros. Foi na histórica Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, que o movimento ganhou notoriedade e se firmou como um marco na história cultural do país. Nesse evento, os artistas apresentaram uma série de manifestações artísticas que chocaram a sociedade conservadora da época, incluindo pinturas, esculturas, música e, principalmente, poesia e prosa que rompiam com os padrões estéticos vigentes.
A arte moderna, tanto na literatura quanto nas outras formas de expressão, buscava explorar novas técnicas, temáticas e abordagens, rompendo com a tradição e buscando uma identidade cultural brasileira mais autêntica e contemporânea. Os modernistas rejeitavam o academicismo europeu em favor de uma estética nacionalista e de vanguarda, que valorizava a diversidade cultural do Brasil e suas raízes populares.
O Modernismo brasileiro pode ser dividido em três fases distintas: a primeira fase, caracterizada pela irreverência e experimentalismo, a segunda fase, marcada pela consolidação das conquistas do movimento e a terceira fase, que representa uma reflexão mais profunda sobre os rumos da sociedade brasileira. Em todas essas fases, porém, o Modernismo manteve-se como um movimento de vanguarda, que influenciou não apenas a literatura, mas toda a cultura brasileira.
Para encerrar, nada melhor do que um poema de Mário de Andrade, um dos grandes expoentes do Modernismo brasileiro, que sintetiza a essência do movimento e sua preocupação com a identidade nacional:
"Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu"
Nesses versos, Mário de Andrade expressa sua conexão com a identidade brasileira e sua preocupação com as condições de vida do povo brasileiro, temas centrais do Modernismo.